sábado, 7 de março de 2009

ELA SÓ QUER UM XODÓ - Marli Gonçalves





Dicas para os homens viverem em paz com as mulheres de suas vidas. E vice-versa.

As mulheres querendo simplesmente ser amadas, no sentido mais bucólico e simples, relativamente simples, da palavra e da ação. Pode ser um beijo no cangote, uma ligação fora da rotina, um olhar, um pouco de atenção. Pode dar de presente um brinquedinho, sabe qual, e dependendo do jeito, ela vai amar. Há lindas borboletas vibratórias no mercado, de todas as cores. Uma coisa para ela. Só para ela, escute bem.

Deixe-a confiante em si. Essa é a chave. Só assim ela confiará em você. Mesmo que, cá entre nós, não devesse, não é?

Repare mais. Não custa nada. Claro, você corre o risco de reparar mais nos defeitos, de acordo como estão as coisas. Mas, de repente, também pode descobrir uma curvinha nova, uma carninha boa de pegar. Todo mundo tem uma carninha boa de pegar. Vai ser bom para vocês também.

Aliás, pegue - toque mais. Grudar, não! Mulher nenhuma gosta de homem grudento. Pegar, sentir. Dar uma passada de mão, tipo como quem procura pó em cima de um móvel, sacou? Ou como quem lambe a forma do bolo. Às vezes os carinhos masculinos são muito grosseiros, e machucam. Aí, só encontrará retração, medo, repulsa. Por isso muitas relações explodem. Mulheres reagem se fechando. E elas podem se fechar de tal forma que não há chave inglesa que dê jeito depois.

Tente retomar as coisas boas. Talvez não consiga, mas pelo menos saberá a direção para ir, quando tentar.

Chegue com jeito. Vá se encostando. Não há mulher – acredite - que não goste de um aconchego. Seja mulher-esposa, mulher-amante, mulher-amiga, mulher-noiva, mulher-namorada, mulher-colega-de-trabalho, mulher-irmã, mulher-tia, mulher-avó. A mulher, admitam, foi feita para ser conquistada. Mas ela só se deixa levar se lhe interessa, de alguma forma. Essa forma pode até ser financeira. Pode até ser emocional. Mas também pode ser - simples assim - a manutenção de seu poder. Mesmo que ele não seja verdadeiro, real. Ela quer ter a sensação que é. Que é importante. Que manda e tem o domínio.

Nós vemos mais cores no mundo, como se tivéssemos mais sentidos. Por isso, compreenda, às vezes é tudo tão intenso: o amor, o ódio, os ciúmes, as alegrias. A raiva. O escândalo. Mulheres gostam mais das cenas, particulares ou públicas. Porque ela tem de colecionar histórias para sua caixinha, de músicas e de memória. Senão, que graça tem? Viver sem histórias, sem reclamar, sem sofrer um pouco... Já ouviu falar do típico comportamento da mãe judia? Pois saiba que todas as mulheres são mães judias, em essência.

Uma chave de pernas, um gemido, um olhar, uma jogada de cabelo, a boca, o andar, a comida bem feita, uma roupa cheirosa e bem passada. Lá está você, enfeitiçado nem sabe como, nem onde, nem por quê. Foi encantado. Por causa disso você também é capaz de aguentar coisas do "arco da velha” muitas vezes. Nesta hora, ela vai te implantar um chip, te colocar na coleira, te viciar.

Pensa bem como tudo pode ser mais simples, mais leve: elas só querem um xodó. Talvez seja esse o melhor investimento disponível no mercado no momento. Você dá um pouquinho e ganha um tantão, quase imediatamente.

Mas lembre bem: a moeda tem os dois lados. Se liga. Vi grandes amores acabarem, derreterem, porque não havia o amanhã; porque não havia sequer um sonho, um projeto em comum. Nem para daqui a pouco, nem para o ano que vem, muito menos para o próximo dia, próximo segundo. Quando chega aí, acabou. Esse é o ponto. Final. Bem gordinho e redondo: ponto final.

Mulheres fantasiam suas próprias vidas, em geral amestradas nesta direção. Continuarão sendo assim, por mais modernas, novos caminhos, aberturas, educação sexual. Por mais carrinhos que guiemos e bolas de futebol que passemos a chutar, sem Barbies, desde a tenra infância. Não adianta. Os homens fazem parte dessas fantasias. Algumas até os assumem completamente em sua própria sexualidade. Você ouve dizer que tal menino virou gay de tanto ser mimado pela mãe. Você não ouve (pelo menos eu nunca ouvi) ninguém dizer que tal moça virou lésbica porque era grudada no pai. Os personagens são o que se assume. A forma masculina e feminina de amar. Grande parte das homossexuais com quem convivo gostam tanto de mulheres, elas próprias, que procuram outra para conviver e amar. Por causa da linguagem, por causa da delicadeza, dessa diferença que aponto aqui.

Então, PUFFFF!!!! Você – homem - é uma fantasia. Aja como uma. E tome cuidado quando começar a revelar a verdade de quem é, como é, por melhor que esteja sua autoestima, por melhor que você realmente seja ou se sinta. Você pode não se encaixar na fantasia da mulher-alvo. Repito, de todas. Inclusive sua mãe. Daí, tantas decepções.

Mulheres são vedetes em potencial. Se não, por que pintariam tanto os cabelos, apresentados em tantas formas, com tanta atenção? Inclusive a sua sogra, quando aparece com aquele penteado com laquê. Pense bem, e fica melhor pensar assim, de forma lúdica. Trocamos de roupas, sapatos, bolsas, brincos, colares, saias e blusas, como trocamos de... (sinto muito, mas você um dia ia mesmo saber disso)... de homens! (As trocas podem ser só em pensamentos, mas são definitivas).

Ela quer mais de você. Seja sua chefe, sua mãe, sua esposa, etc. e tal, repito. Ela sempre vai querer mais de você. O famoso "dá um braço, quer a perna”. Conforme-se. Jogue o jogo. Ela só quer um xodó. Às vezes avalio que é essa uma das forças do movimento, do tempo, do progresso: a MULHER.

Porque se você parar, escute bem, ela vai te atropelar. E isso é para o seu bem. Acredite.


Marli Gonçalves, jornalista. Descobriu o feminismo (o bom, o de verdade, que conquistou os espaços) no Ano Internacional da Mulher, em 1975. Tinha 16 anos e entendeu. Primeiro, que era muito legal ser mulher. Melhor ainda ser mulher com orgulho de sobreviver onde poucos entendem essa sua raça. Na época, integrou um grupo onde só tinha mulheres maravilhosas, do Jornal Nós, Mulheres! Aos 26, vítima, descobriu que o maior parasita do mundo, o monstro, é o ciúme, a possessão, com seus tentáculos que matam qualquer amor de asfixia, podendo custar até alguns pedaços ou a sua própria vida. Foi até o fundo da resistência. Aos 50, só quer um xodó. O companheiro da estrada. Alguém que ainda dê risadas e que saiba sonhar. Pelo menos até amanhã de manhã.

São Paulo, março fumegante de 2009



fonte:www.jaymecopstein.com.br/

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