sábado, 31 de janeiro de 2009

CORRERIA FAZ COISA...


Geente!!! Ufa, a correira faz coisas mesmo! Depois que comecei a postar alguns cantos prediletos da minha casa e que voltei a "reparar" nos outros,
pode? Este é na cabeceira da cama do lado do maridon. Os detalhes estão logo abaixo e vou postar mais alguns. Não é lindinho o espaço? A janela ao lado foi comprada há alguns anos na Imaginarium, é de pátina e espelho. Adoro!


ODOR DI FEMINA - Gonçalves Crespo


Era austero; não havia frade mais exemplar nesse convento;
no seu cavado rosto macilento
um poema de lágrimas se lia.

Uma vez que na extensa livraria
folheava o triste um livro pardacento,
viram-no desmair, cair do assento,
convulso, e torvo sobre a laje fria.

De que morrera o venerando frade?
Em vão busco as origens da verdade,
ninguém má disse, explique-a quem puder.

Consta que um bibliófilo comprara
o livro estranho e que, ao abri-lo, achara
uns dourados cabelos de mulher.

TIRANA - Castro Alves


Minha Maria é bonita,
Tão bonita assim não há;
O beija flor quando passa
Julga ver o manacá.

Minha Maria é morena,
Como as tardes de verão;
Tem as tranças da palmeira
Quando sopra a viração.

Companheiros! O meu peito
Era um ninho sem senhor
Hoje tem um passarinho
P´ra cantar o seu amor.

Trovadores da floresta!
Não digam a ninguém não!...
Que Maria é a baunilha
Que me prende o coração.

Quando eu morrer só me enterrem
Junto as palmeiras do val,
Para eu pensar que é Maria
Que geme no taquaral...



Adoro estas poesias mas são assaz, um tanto, ao quanto dramáticas né?



fonte: Newsletter Jayme Copstein

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pequenas Partes do poema I-JUCA PIRAMA


VIII

"Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranho choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.

"Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado:
Não encontres amor nas mulheres
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!
.
.
.
X

Um velho Timbira, coberto de glória
Guardou na memória
Do moço, guerreiro do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente. - Meninos eu vi!"


Gosto muito deste poema,me emociona a bravura, a lealdade, a hombridade destes personagens tão bem retratados. Quisera nós termos governantes com algumas destas qualidades, usadas com bom censo.

fonte:poucas estrofes do poema I-Juca Pirama/Gonçalves Dias

OLHEM QUE AMEAÇADOR...


Meus sais, estou absurdamente perdida neste apartamento com minha família e mais um pintor. Estamos só dando uma limpadinha no apê mas juro que piro, é muita bagunça jogada pelo chão. Porque Céus guardamos tantos entulhos!

ADOORO


Geente,adooro o Garfield, o humor/ mal humor dele me faz rir e olha que sou um pouco complicada para achar graça em piadinhas.

POEMINHA DO CONTRA - Mário Quintana



Todos estes que aí estão.
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!



Boa noite, gente.

PARA RIR - Sobre Amigos




"Há duas espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e ... os amigos, que são os nosssos chatos prediletos".

Hehe, este Mário Quintana tem cada uma!

E MAIS POESIAS



Uma estrela vem espiar:
estrelas são iluminadas
flores noturnas
no quintal do céu.


fonte: Jardins/ Roseana Murray

MAIS POESIAS



Flores alimentam sonhos,
dão de comer aos olhos,
arrumam e desarrumam
formas e cores.




Flores pintam
norte e sul
em todos os timbres
e tons de azul.




Bem-me-quer,mal-me-quer
busco teu coração
nas pétalas de seda,
a enluarada confirmação.


fonte: Jardins/ Roseana Murray

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

MAR PORTUGUEZ


I. O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma
Que o mar unisse, já não separasse.
Sangrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou,correndo, até o fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te portuguez...
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar e o Império se desfez
Senhor, falta cumprir-se Portugal!


fonte: estrofe da Segunda Parte - Mar Portuguez/ Fernando Pessoa

MEDITANDO DE PERNAS PRO AR


A meditação é recurso valioso para uma existência sadia e tranquila.
Através dela o homem adquire o conhecimento de si mesmo, penetrando na sua realidade íntima e descobrindo inexauríveis recursos que nele jazem inexplorados.
Meditar significa reunir os fragmentos da emoção num todo harmonioso que elimina as fobias e as ansiedades, liberando os sentimentos que encarceram o indivíduo, impossibilitando-lhe o avanço para o progresso.
As compressões e excitações do mundo agitado e competitivo, bem com as insatisfações e rebeldias geram um campo de conflito na personalidade, que termina por enfermar o indivíduo que se sente desagregado.
A meditação enseja-lhe a terapia de refazimento, conduzindo-o aos valores realmente legítimos pelos quais deve lutar.
Não se faz necessário uma alienação da sociedade; tampouco a busca de fórmulas ou de práticas místicas; ou a imposição de novos hábitos em substituição dos anteriores, para adquirir-se um estado de paz, decorrente da meditação.
Algumas instruções singelas são úteis para quem deseje renovar as energias, reoxigenar as células da alma e regvigorar as disposiçõse do progresso espiritual.
A respiração calma, em ritmo tranquilo e profunda, é fator preponderante para o exercício da meditação.
Logo após, o relaxamento dos músculos eliminando os pontos de tensão nos espaços físicos e mentais, mediante a expulsão da ansiedade e da falta de confiança.
Em seguida, manter-se sereno, imóvel quanto possível, fixando a mente em algo belo, superior e dinâmico, qual o ideal de feliciadde, além dos limites e das impressões objetivas.
Esse esforço torna-se uma valiosa tentativa de compreender a vida, descobrir o significado da existência, da natureza humana e da própria mente.
Por essse processo, há uma identificação entre a criatura e o Criador, compreendendo-se, então, quem se é, por que e para que se vive.
Não é momento de interrogação do intelecto, o da meditação; é o silêncio.
Não se trata de fugir da realidade objetiva; mas de superá-la.
ão se persegue um alvo à frente; antes se harmoniza no todo.
Não se aplicam métodos complexos ou conceitos racionais; porém, se anula a ação do pensamento para sentir, viver e tornar-se luz.
O indivíduo, na sua totalidade, medita, realiza-se, libera-se da matéria, penetrando na faixa do mundo extrafísico.
Os pensamentos e sentimentos, inicialmente, serão parte da meditaçãpo, até o momento em que já não lhe seja necessário pensar ou aspirar, mas, apenas, ser.
Habitua-te à meditação, após as fadigas.
Poucos minutos ao dia, reserva-os à meditação, à paz que renova para outros embates.
Terminado o teu refazimento ora e agradece a Deus a bênção da vida, permanecendo disposto para a conquista dos degraus de ascensão que deves galgar com otimismo e vigor.


fonte: Alegria de Viver/ Divaldo P.Franco

CHEGAMOS



A viagem foi curtinha, mas para quem ama e vive nas montanhas, 7 dias de solão na praia foi de bom tamanho. Tinha me esquecido como é puxado sair sozinha para um mega resort com duas crianças em idades beem diferentes,esteve ótimo e vou postar várias fotos. O marido ficou cuidando da pintura do apê.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

FINALMENTE, FÉRIAS


Chegou o dia, então até mais ver, nosso voo é amanhã cedo. Sentirei falta, beijocas carinhosas

QUE CHIQUE


Tô querendo reiniciar os meus contos na praia e também fazer um "diário de bordo" de cada dia, nestes cadernos lindos do Ronaldo Fraga.

HIP URRA!!!


ÊBA!!! É amanhã, lá vamos nós...

RELEMBRANDO







Esta foi a última coroação que o meu filho participou na escola. Agora ele foi para a 5/6 série e acabaram as homenagens às mães.
Nossa! Foi lindo demais e ele emocionou a todos pois nasceu com um vozeirão.

Ave Maria
cheia de graça
Deus é contigo
Be-en-di-ta
entre as mulhe-e-res
Bendito é o fruto
o fruto do teu ventre
o fruto do teu ventre
Jesus, Jesus
Santa Maria, Mãe de Deus
Rogai por nós, por nós pecadores
agora e e semnpre
agora e sempre
Amém

VOU TER QUE COMPRAR


Olhem só, já até imaginei um dos meus gatos dentro deste paletó. Vou ter de comprar!

VIVAS PARA O NOSSO RONALDO FRAGA


É demais, Ronaldo Fraga apresentou seu desfile atípico e humanizado nesta SPFW. Segundo ele na sua passarela não cabe modelo requebrando prá lá e prá cá continuando, ele complementou dizendo que o DNA de sua marca sempre foi feito para mulheres de 20, 40, 90 anos. Senhoras, senhores e crianças desfilaram para ele.
Isto mesmo, beleza nã tem idade e nem sexo.

MODERNÍSSIMA


Geente!Tô de MP3, com um monte de Giga. Acreditem, foi meu filho que me ajudou, comprou e transferiu (será que este é o termo exato?)hehe., é que eu sou do tempo da fita cassete, hahaha...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

EU CONTEI PRÁ VOCÊS?



Pois é, na minha casa tem panelas de pedra para o maridão fazer peixada (eu tô fora da cozinha ),pé de hortelã pimenta e filtro de barro.

COMO NÃO SEI O QUE DIZER ENTÃO...




SUPERCALIFRAGILISTICEXPIALIDOCIUS

Continuo fazendo malas, já acalmei hiphipurra!

VOU NANAR



Gente, vou indo boa noite e até mais.

TEATRO



Quem é de Belo Horizonte pode saborear com seus pimpolhos o 15 Festival Alterosa de Teatro Infantil. A diversão é garantida.


Informaçõse: www.alterosa.com.br

domingo, 18 de janeiro de 2009

DICAS DE PORTUGUÊS


Agora o assunto é a reforma ortográfica e eu ainda não sei nadica de nada.

A casa Branca terá novo inquilino. Na terça, a família Obama se muda prá lá. Para entrar pela porta da frente o então desconhecido senador surpreendeu. Negro tinha o nome estranho - Barack Hussein Obama. Trazia marcas mutirraciais e multiculturais. A mãe, americana branca protestante. O pai, queniano negro mulçumano. O padrasto elegante, articulado, formado pela respeitável Harvard University, prometeu mudança.
Nós podemos, insistiu. Negros, brancos, asiáticos, judeus e mulçumanos acreditaram. Ali estava alguém como eles que chegou lá. Ele abriu a porta da esperança e subiu na vida - ideal dos imigrantes que buscam a América. Obama era a prova do "nós podemos". Convenceu. George W. Bush ajudou. Com a Bíblia na mão, o presidente de plantão disseminou o preconceirto, a intolerância e o ódio. O povo deu o troco. Xô.
Com o verbo " nós podemos", Obama trouxe o verbo poder ao cartaz. Conseguirá conjugá-lo conforme o prometido? Esperamos que sim. Enquanto torcemos, vale lembrar. A reforma ortográfica pôs os acentos diferenciais pra correr. Pára, pêra, pêlo perderam grampos e chapéus. Viraram para, pera, polo e pelo. Mas pôde, passado de poder, mantém o circunflexo. Trata-se da exceção que confirma a regra. Pôde é a única paroxítona que teima em se diferenciar ostensivamente do presente do mesmo verbo: ontem ele pôde sair mais cedo. Hoje não pode.
E por aí vai a reforma, com muitas dúvidas


Estado de Minas: Dad Squarisi

CALVIN E HAROLDO


Amo o livro Calvin e Haroldo. As tirinhas são super a gente mesmo. Então quando surge um adulto , o Haroldo é um tigre de pelúcia e quando o adulto vai embora ele se transforma em um animal de verdade. Muito gostosa esta imaginação dos pequenos. Simplesmente bárbaro.

OUTRAS PEÇAS



Sou mesmo uma " Ronaldete", vejam outras das minhas dezenas de aquisições.

O GRANDE MINEIRO RONALDO FRAGA




Geente, A D O R O o Ronaldo Fraga, a loja dele fica bem pertinho da minha casa e sempre dou uma passada por lá. Olha aí as roupinhas "Ronaldo Fraga para filhotes". Amanhã é dia do seu desfile na SPFW as 15 horas, tô dentro.

RESOLVI NÃO IR DORMIR

" Há alguns anos meu irmão sofreu um grave acidente de carro. Os médicos disseram que, se ele sobrevivesse, provavelmente ficaria com fortes sequelas. Naquela noite, saí com minha tia e, ao passar em frente a uma loja, vi um pequeno painel com os seguintes dizeres: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e Ele tudo fará." Aquelas palavras foram como uma flecha em meu coração e, sem pensar duas vezes, comprei o painel e o pendurei em minha parede.
Quando o dia amanheceu, fui visitar meu irmão e, para minha surpresa, os médicos disseram que ele tivera uma melhora impressionante durante a noite. Hoje, meu irmão é casado, tem dois filhos e não tem qualquer sequela daquele acidente. Ah! E o painel continua pendurado em minha parede e é naquelas palavras que eu penso sempre que a noite é longa..."


Fonte: Revista Seleções/ Eukária Caldas Sales

NÃO TEM SOLUÇÃO PARA MIM


Todas as vezes que vou viajar fico a beira de um ataque de nervos de tanta ansiedade. Mesmo me orientando no blog "simplesmente elegante", faço uma mala monumental para as crianças e eu. Desta vez estou separando tudo desde hoje , domingo, para viajar na quarta feira pela manhã, mas não consigo relaxar, acho até que vou me deitar, bye.

CHIQUE NO ÚLTIMO

A Glória Kalil é o máximo. Vejam como ela está linda neste look mínimo no primeiro dia do SPFW. Pesquei esta imagem no site www.gloriakalil.com.br.

DAS PEDRAS


Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.

Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.

Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.

Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.


Cora Coralina

MEU DEUS, ME SALVE...





Estão vendo esta delícia cremosa? Pois é o caçula. Enquanto o grandão está no lap top ele não me deixa sossegada querendo brincar no MEU computador. Vivendo e vivendo, eu sou daquelas mães que não gosta de crianças em computador principalmente aos 5 anos, só depois dos 10 e com muita parcimônia, de vez em raro. Como é difícil se manter firme nos propósitos quando temos filhos. Bom, depois falo sobre o assunto.

sábado, 17 de janeiro de 2009

AINDA VOU FAZER...


Adorei este dois cantos que vi em dois blogs legais. Ainda vou fazer bem parecido na minha casa.

FAZER O QUE?



Assumo completamente meu lado " perua baranga", adoro misturas extravagantes e meus pinguins de geladeira, não são um charme?

SOPEIRA



Não consegui arrumar um lugar interessante para colocar esta sopeira/repolho, na minha sala de jantar.

O CÃOZINHO DA NOSSA CASA




"De todos os animais que conhecemos é o cachorro o que mais se uniu a nós. Sejam príncipes que lhes dão farta comida e leito de plumas, ou mendigos que dormem ao relento e só podem oferecer-lhes uma pequena parte das suas própias migalhas, idêntica é a sua afeição e com igual amor lambe a mão ornada de jóias e os dedos trêmulos consumidos de doenças e fome".


Théo Gygas

Este é o meu Mozart, o cãozinho da casa, parece um bibelô né?

NOTÍCIA BACANA


"A espera na fila de atendimento de um hospital em Bauru /SP permitiu o reencontro de quatro irmãos, separados há mais de 50 anos. Osvaldo Lustosa Brandão, de 60 anos, reconheceu o nome da irmã, Maria Lustosa Brandão, de 74, na ficha de cadastro. Conversando, descobriram o parentesco e a história foi contada na televisão. Edith Brandão e Nair Café de Souza, que assistiram à reportagem, acreditam ser irmãs de Osvaldo e Maria. A família foi separada quando a mãe entregou os filhos para adoção".
E viva o REENCONTRO familiar!!!


fonte: Seleções/ janeiro2009

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

COAXOS NA ESCURIDÃO...


Em minha ingênua mas doce infância havia uns diabos que à noite cravavam estacas no brejo ao largo do velho paiol fincado à borda do quintal, toda noite, a noite toda, intermitentemente, infância afora; até que um dia, então consolado, descobri que aquelas pancadas, como que de machado à testa de uma braúna, eram simples coaxos disparados na escuridão. Até hoje eles me batem no coração.

O medo que era meu também foi seu; o medo que tem fonte que razão é o mesmo que constroi solidão. Foi assim que eu disse um dia, em breve poesia, o que fora meu medo à beira da mata fechada, ao lado do brejo úmido pontilhado de tábuas verdes que ao sol a pino jogavam painas no ar que eu respirava, mas que não era meu, por estranho que parecia.

Aquele medo que um dia optei por revelar em preto-e-branco para colar no álbum da minha imensa esperança não foi um medo qualquer. Foi um medo incomum que brotava da natureza, seu brejo, capoeira e mata úmida em que (eu sabia porque me disseram!) se amoitavam montes de bichos entre estranhos e engraçados. E todos viviam à mercê de caipora, que os liderava picadas mata afora até alcançarem o travesseiro dos meninos, que não sabiam o que era luz, mesmo que olhassem detidamente para a lua cheia.

E era exatamente nos dias de lua, que de cheia emagrecia, que a mim me apresentaram muitos moleques estranhos, filhos da dúvida e do segredo, que namoravam e pariam na mata, a começar pelo saci, negrinho reluzente que um dia se perdeu no pastoreio e cujo andar me segredava ao pé da imaginação que estava a caminho um som pererê, querendo roubar a minha perna. Eu nunca soube se era a direita ou se a esquerda. E temia pelas duas, imaginando que, ao final de contas, poderia haver dois sacis excepcionais a quem jamais alguém teria oferecido prótese, mesmo que fosse de gomos de bambu.

E quando batia metade de outubro na folhinha gente, em que o sol por inteiro engrossava nuvns negras nos costados da montanha em cujo grotão a gente morava, eu temia mais; mais por não saber qual outro medo ocuparia então o quarto escuro da minha noite crescente a ser saudada por faíscas tracejantes que riscavam o céu barulhento açoitado pela ventania.

Encolhido em minha cama de palha de milho manchada de mijo amarelo, eu esperava que à sensação de que a mata cairia depois da arrevoada das telhas se seguiria o clamor de minha mãe, que reunia os filhos e todo o seu medo à beira da cama, como a galinha ajunta os seus à vista de um gavião, para ler a beleza da esperança e rezar as petições por inteiro. E daquela casa nunca voou telha, forte que o vento tivesse sido.

E assim percebi que as tempestades só sacolejavam a mata para separar joio e trigo; e que cumpriam a missão de fazer com que o solo estremecido pelos estrondos soturnos sorvesse grande medida de toda a água fria que começava a cair e caía, espessa ou delicada, para saciar a sede de tanta natureza e alimentar o brejo em que todos os sapos, no segredo dos seus coaxos, só malhavam as pontas das estacas para provocar minha inocente solidão de menino.

O pânico de mamãe encolhida sob joelhos era tanto que quase marejava dos seus olhos esbugalhados enquanto a Deus ia para implorar socorro. Mas nada daquilo me induziu a temer as coisas que sempre ocorreriam acima de mim, abaixo do sol ou da lua, entre as nuvens que revoltas faiscavam o horizonte enquanto disparavam trovões. Meu pai avisava que aquilo era a voz de Deus irado dando pito na gente.

Os coaxos disparados na escuridão silenciaram porque não há mais brejos à minha volta. Foram aniquilados pela engenharia agronômica; e, arredias, suas maciças touceiras de tábua, origem de tênue paina alva e macia, deram vaga à macega, aos espinhos e aos cardos. A bruxa, o caipora, o curupira e o moleque-saci fugiram do machado e desapareceram da mata misteriosa à frente do fogo. Ninguém os viu para me contar como eram em pele e osso, à exceção de saci de uma perna só que um dia vi no pasto à beira do curral fazendo careta pra minha avó.



fonte Newsletter Jayme Copstein/ Orlando Eller

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

GRANDE MOÇO DAS GERAIS


"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade"


"As dificuldades são o aço estrutural que entra na construção do caráter"


"Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo".




Carlos Drumond de Andrade

É ISSO AI


"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido"


Fernando Pessoa