sábado, 27 de agosto de 2011

UMA FAXINA DIFERENTE - Déa Januzzi


Aprendi com Solano que o segredo da longevidade e da saúde da medicina chinesa é desintoxicar a casa e o corpo com alimentação certa, banhos terapêuticos
 
Tirar todas as tralhas da casa ou destralhar: essa é a receita de saúde que aprendi com o arquiteto e mestre em feng shui Carlos Solano, um desses magos de um ambiente harmonioso. Literariamente, apreendi que é preciso liberar tudo o que não funciona na casa. Sabe aquele copo de liquidificador quebrado? Aquela panela com a alça torta que você insiste em guardar? A sanduicheira que não tem mais fecho? Pois é: e aquele armário entupido de roupas que você nem enxerga na hora de procurar por uma delas? Você nem sabe mais onde está aquela velha calça jeans, no entanto, já comprou mais uma. E os casacos amontoados no cabideiro do quarto?

Para Solano, a ordem é doar, encaminhar tudo o que você não necessita mais. Essa atitude inclui também o que você não usa mais, livros, objetos pessoais, adornos. E o que você não gosta há tempos. Uma das terapias da casa saudável e que é uma das bases do feng shui é destralhar.

Pensei em 1.000 itens dentro da minha casa que estão intoxicando o lugar onde moro e a minha vida, mas ainda não me animei a separar porque está tudo intrinsicamente ligado. Fazer uma faxina na casa significa limpar a alma e renascer para uma vida menos complicada, onde vou ter tudo o que preciso sem exagero.

Aprendi com Solano que o segredo da longevidade e da saúde da medicina chinesa é desintoxicar a casa e o corpo com alimentação certa, banhos terapêuticos. Purificados o corpo e a casa, você então está preparado para receber as bênçãos.

Ele ensinou também que as plantas e árvores são as faxineiras do ar e que o primeiro olhar de um médico chinês quando entra dentro da casa é ver o estado das plantas. Se elas estão bemcuidadas, os donos também. Ao contrário, as plantas também revelam depressão, tristeza, melancolia e conflitos dos habitantes se estiverem doentes, sem viço e cuidados.

É por isso que às vezes me sinto tão perdida, pois acho que não sou boa com as plantas e que não tenho o dedo verde como minha mãe Amélia, que só de olhar e aguar as plantas e flores, elas agradeciam em beleza. Meu filho também tem um pacto amistoso com as plantas, pois sabe que elas modificam a qualidade do ar. Ele tem uma ligação visceral com a natureza e as árvores. Como Solano, ele sabe que a maior cura ambiental de uma casa, cidade ou do planeta é a árvore. Em suas peregrinações pelo mundo, o filho sempre traz mudas de ervas e muitas pedras dos lugares onde vai. Num dos encontros em BH, em que o filho também estava presente, Dorothy Maclean, da ecovila Findhorn, que fica na Escócia, disse que as árvores são a pele da Terra. E que nenhum ser vivo sobrevive sem um percentual significativo da pele.

Uma conversa com Dorothy e Solano dá ideia de que é preciso inclusive plantar árvores dentro de casa. Algumas até aceitam vasos, como a romã, a goiaba, a árvore da felicidade, pois emanam saúde e alegria.

Passei muito tempo acumulando tralhas e relacionamentos inúteis, mas juro que vou começar uma faxina da casa e da alma muito em breve. Outro dia, olhei para uma mala de viagem em desuso. Olhei bem para ela e tive vontade de preenchê-la com coisas bem leves, fáceis de carregar para onde quer que vá.

Um comentário:

  1. Legal essa sua consciência daquilo que acumulamos. Aqui em casa há uma regra: entra 1, saem dois. Algo que dê para o uso de outro, é dado, algo que não serve vai para um destino melhor! Abraço

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