domingo, 24 de janeiro de 2010

COMENDO PIMENTA CORAJOSAMENTE


"Há uma estória que ilustra muito bem. Certa vez , o xeque Nasrudin voltou a Índia. Ao passear pela cidade de Delhi, acabou chegando a um mercado de frutas e vegetais. Enquanto estava ali observando, percebeu que muitas pessoas compravam pimenta. Na Índia, as pessoas adoram pimenta, mas a usam em pequena quantidade. Nasrudin pensou que aquilo devia ser uma guloseima, comprou dois quilos e se sentou embaixo de uma árvore para comê-las. Logo que mastigou a primeira, começou a lhe arder a boca e sair água dos olhos e nariz. Ele gemeu, abanou a boca e começou a mastigar outra, pensando que talvez tivesse um gosto melhor. E assim continuou, comendo uma depois a outra, sofrendo e com esperança de que cada uma tivesse um gosto melhor que a anterior.
Nós somos exatamente como Nasrudin. Estamos todos comendo pimentas, na esperança de que a pimenta que comemos amanhã e, se não esta, certamente a que comemos depois de amanhã terá um gosto melhor. Oferecemos as mesmas pimentas uns aos outros, esperando que um dia, em algum lugar, elas comecem a ter um doce sabor. Mas a verdade é que até o presente momento as nossas bocas estão queimando , os olhos lacrimejando e nossos narizes escorrendo. 
Enquando Nasrudin mastigava corajosamente suas pimentas, um homem que o observava se aproximou e perguntou o que estava fazendo:
- Ví uma porção de pessoas comprando esta guloseima. Então comprei também e comecei a comer, explicou Nasrudin.
- Olhe, são pimentas. Devem ser comidas em pequenas quantidades.
Nasrudin anuiu com a cabeça e continuou a comer. O homem estava estupefato.
- Agora que você sabe que o que são, disse ele, por que não pára de comê-las?
- Bem, disse Nasrudin, comprei estas pimentas e agora tenho que terminá-las. Não estou  mais comendo pimenta. Estou comendo meu dinheiro!


É assim que vivemos nossas vidas. Compramos nossos problemas e, mesmo que achemos bastante ardidos, temos de continuar a comê-los, porque afinal fizemos um investimento. Continuamos buscando mais divertimentos, mais entreterimentos, mais amigos carinhosos, mais riqueza, mais fama.
Mas essas coisas trazem realmente satisfação? Será que nossos prazeres nos trazem verdadeira alegria ou apenas insensibilidade e excitação? O que estamos realmente conseguindo em nossa busca pela satisfação?


O poeta Bhartrihari escreveu:
      Pensei que estava desfrutando dos prazeres dos sentidos
      Não me dei conta de que eles é que estavam me desfrutando.
      Pensei que estava gastando meu tempo:
      Não me dei conta de que era ele que me consumia. "




Desconheço o autor

Um comentário:

  1. Caramba, quantas lições num mesmo post!

    Não quero comprar pimentas a toa. Quero saborear a vida com satisfação!

    Beijo

    =)

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