quinta-feira, 19 de novembro de 2009

MÁSCARAS - Gilberto Lazan



Cada vez que ponho uma máscara
para esconder minha realidade,
fingindo ser o que não sou...
faço-o para atrair o outro
e logo descubro que só atraio
a outros mascarados distanciando-me dos outros devido a um estorvo:
A máscara.

Faço-o para evitar que os outros vejam
minhas debilidades e logo descubro
que, ao não verem minha humanidade,
os outros não podem me querer
pelo que sou,
senão pela máscara.

Faço-o para preservar minhas amizades
e logo descubro que, quando
perco um amigo, por ter sido autêntico, realmente
não era meu amigo, e, sim,
da máscara.

Faço-o para evitar ofender alguém
e ser diplomático e logo descubro
que aquilo que mais ofende as pessoas,
das quais quero ser mais íntimo,
é a máscara.

Faço-o convencido de que
é o melhor que posso fazer para ser amado
e logo descubro o triste paradoxo:
o que mais desejo obter
com minhas máscaras é,
precisamente, o que não
consigo com elas.

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