domingo, 11 de outubro de 2009

O TEMPO QUE FOGE - Ricardo Gondim


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói até o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, sobre assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres, orgulho, e mentiras de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, sabe que é melhor acertar, mas se errar, admite e tenta consertar.
Não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
Pessoas que amam e respeitam seus semelhantes.

O essencial faz a vida valer a pena.
E, para mim, basta o essencial !

3 comentários:

  1. A vida é realmente curta pra se perder tempo com coisas pequenas. Há que se acrescentar, sempre, algo que seja útil a nossa trajetória. Bjs!

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  2. Kyria, esse seu espaço é lindo,sensível,humano e solidário,como, aliás, deve ser você! Seus "ouro em pó" são lindos de se ver e abençoados por tê-la como mãe...
    Desejo-lhe serenidade, esperança e fé com relação a sua mãe, nas mãos de Deus tudo tem sempre a melhor solução ! Bj
    Nereida

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Obrigada por deixar o seu jeito.