domingo, 17 de maio de 2009

PRODUTO ENLATADO/ Johanna Homann

Recém chegada no país, a moça bonita, elegante e muito segura foi ao restaurante indicado pelo concierge do hotel. Sentou-se sozinha numa mesa de canto e fez seu pedido. Bem ao centro, o playboy da cidade se exibia com o último modelo de celular na mesa, junto com a chave de sua BMW e tomava o champanhe que escolhera pelo preço. Ele, pelos padrões locais, estava certo de que era um homem de valor. Mas não foi por isso que se sentira atraída, pois esses ícones eram indecifráveis para ela.
Quantas pessoas gastam seu tempo e dinheiro para alcançarem boas "cotações" no mercado? A maioria das pessoas tem se tornado um produto "enlatado". Será que haverá saída para tamanha oferta? Pode-se até pensar que sim, pois a procura tem sido enorme. Mas, de que vale a embalagem se a mercadoria está apodrecendo nas prateleiras? O prazo de validade parece estar cada vez mais reduzido.
Os indivíduos estão voltados para os cuidados com o físico e têm desprendido pouca energia com a reflexão. A consequência é o exterior: olhando-me no espelho com tudo em cima, eu estou bem. Mas ninguém quer saber do que nos aflige por dentro, pois, para isso, não há remédio que cure sem maior envolvimento com o processo. Que tal tentar ser um estrangeiro e enxergar além dos padrões locais?
As pessoas deveriam talvez, quem sabe, conhecer o outro lado, ou seja, o lado de dentro de cada um. Nesse caso, o rapaz conseguiu manter um relacionamento feliz e duradouro, permitindo ser visto pelo o que é, e não pelo o que tem, pois a moça não se interessou pelos ícones utilizados por ele para impressioná-la. A embalagem pode ser bonita e resistente, mas não garante a conservação do produto para sempre.

Fonte: Caixa de Costura - editora Soler

7 comentários:

  1. Seu blog exala mandalas em energia forma textos,sinto apurada sensibilidade sua!

    Tu és escriba e feliz ficarei em te seguir!

    Ternura e respeito todo!

    Viva A Vida!

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  2. Olha, tenho visto isso direto!
    E as meninas, cheias de marquinhas, bolsas e sapatos caros, comprados pelos pais, roupas que eu só comprei quando comecei a trabalhar e co meu dinheiro. Aí me diga, os rapazes têm até medo de se aproximarem, se relacionarem, afinal como eles poderão bancar uma menina assim? O mesmo para os homens de hoje. É muita superficialidade e marketing visual.
    Depois reclamam que está difícil arranjar namorada(o)!
    bjs cariocas

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  3. é verdade, muito boa a materia
    bjs boa semana

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  4. quanto texto lindo por aqui Kyria, dá sempre vontade de ficar mais, só não fico porque preciso visitar outras amigas.
    ;)

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  5. Oi Kyria!!
    Procuro passar para a minha filha mais velha, que é uma adolescente, que o dinheiro deve ser gasto com o que de fato fará nossa diferença, os conhecimentos, a cultura!
    bjk

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  6. E ainda existem conteúdos?
    Só vejo embalagens por onde passo... acho q preciso mudar de caminhos!!!
    Um abraço e boa semana!

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  7. Lindo texto!!! Do que vale a embalagem se o contéudo não contém a essência!

    Ecobeijos

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