Eu preciso me redimir com os homens. Os meus leitores que me perdoem, se por acaso o espaço desta coluna fala mais das mães do que dos pais. Para que os homens me perdoem, vou ter que pedir ajuda a meu próprio irmão, Luiz Carlos, que criou os dois filhos, Eduardo e Cláudio, depois da separação. Ainda pequenos, os meninos escolheram viver com o pai. A própria mãe reconheceu e deu uma lição a todas nós mulheres. Ela disse que também não saberia com quem ficar na hora da separação, já que os filhos gostam igualmente do pai e da mãe. Apesar de amar os dois filhos, ela deixou que eles ficassem com o pai, por livre escolha. Pai e filhos passaram muitas dificuldades juntos, viveram numa casa em construção, sem janelas, durante muito tempo. Juntos, eles não edificaram uma casa de palha nem de madeira, mas de tijolos, com pássaros na varanda, que tem lugar até para o canário belga Cauby Peixoto, que canta tanto quanto o próprio. Tenho que reconhecer que na casa desse pai, além dos canários, tem afeto, responsabilidade e compromisso. Que a casa é uma espécie de ninho para os filhos
já crescidos, que voltam para o churrasco dos domingos. E que a mãe é sempre bem-vinda na casa do pai e dos filhos. Eu quero escancarar esse coração de mãe para um pai em especial que
eu não sei nem o nome, mas que um dia me confessou que está sangrando depois da separação,
pois o filho se mudou para o interior de Minas e ele não sabe mais como viver. Sente tanta, tanta
saudade que pensou estar enlouquecendo.Eu quero abrir as portas do coração para todos os homens que dão colo, abraços, afagos, que contam histórias, acordam de madrugada para embalar o sono dos filhos. Homens que levam e buscam os filhos na escola, na aula de inglês, no futebol, que conversam com suas filhas, que sabem que o mundo não pára, que é preciso mudar. Homens que protegem os filhos das tempestades da vida, que não empurram os filhos para o naufrágio da ausência, do medo e da insegurança. Eu quero dizer aos homens que os filhos não pertencem à mãe. Que os homens me desculpem, mas não está escrito em lugar nenhum que as
mães devem criar os filhos sozinhas, que eles não têm responsabilidade na tarefa de educar. Que os homens separados me desculpem, mas quem disse que as mães querem carregar a pesada cruz da culpa? Ou ostentar todas as glórias? Que as mães também não querem colo? Que as mães não precisam de ajuda? Eu quero mostrar que os pais têm lugar garantido no coração dos filhos. Eu preciso declarar, em nome de todas as mães, que pai faz falta. Eu preciso dizer que existem pais amorosos, afetivos e presentes. Como o doutor Ivan que conseguiu criar, sozinho,
os três filhos Adriano, Breno e Rafael. Preciso dizer urgentemente aos pais separados que não há lugar para ódio, ressentimentos, que as mães não querem guerra, mas precisam urgentemente de pais para os seus filhos. De pais compreensivos, que nutrem a alma dos filhos, pois não existe sinfonia de uma nota só. Toda a orquestra tem que tocar, para executar a obra com perfeição. Que me perdoem os homens que ainda não despertaram para a nobre tarefa de ser pai, de ver um filho crescer passo a passo, de estar presente nos piores e nos melhores momentos. Que me desculpem as mulheres que dizem que são mães e pais ao mesmo tempo. Eu preciso dizer que a mãe é mãe, mas não é perfeita, que sempre haverá a falta do pai, por mais que ela se esforce. Por mais que as mães façam, por mais que elas tentem, por mais que lutem, o mundo precisa que
os homens adotem os seus próprios filhos! O mundo precisa urgentementede homens bons, ternos e sensíveis!
Como é verdade isso, Kyria! E como é bom postar fora do dia dos Pais, pra mostrar que Pai é Pai todo dia, como Mãe é Mãe. E pra Déa são dispensáveis os elogios. Ela escreve o que a gente quer falar.
ResponderExcluirSabe que ontem, 21 de maio foi o Dia dos Pais na Alemanha? Pois é. Tenho uma sobrinha que mora lá e ontem lá era feriado, por conta da data.
Olá Walkyria,
ResponderExcluirprazer em conhecer seu blog. Por coincidência descobri seu blog e vi um texto meu. Gostaria de te presentear com o meu segundo livro. Mande seu endereço, por favor.
Um abraço, Johanna Homann
johahomann@yahoo.com.br
A d o r e i!!! Verdade pura!
ResponderExcluirQue todos digam amém!
parabéns pelo lindo post.
bjk
você tem uma sensibilidade tão grande pra escolher os textos que posta! sempre me emociona...
ResponderExcluirbj
Kyria,
ResponderExcluirLi num fôlego só! E pensei em tanta coisa, em tanta gente que conheço que amarga a ausência de pai, que sofre também da ausência presente, da indiferença, da briga eterna que faz dos filhos razão e circunstância para a conflito entre seus pais.
Também acho que precisamos cada vez mais de homens ternos, sensiveis, comprometidos. Meus filhos não podem reclamar da presença doce, amiga e solidária de seu pai, que lhes é figura doce e generosa.
De mesma forma, vejo com um certo prazer o comprometimento com que meu filho homem se oferece a sua mulher e assim, imagino, fará no futuro com seus filhos.
Creio nisso e também acho que homens e mulheres se devem isso. Em igual proporção.
Adorei tudo! E também gostaria de ver no Criative-se. bjs. Veronica
Amiga, que lindo!! Verdade pura e absoluta. Adorei a sensibilidade do post. Bjokas.
ResponderExcluirQuando me separei, procurei não criar distanciamento das minhas filhas. Hoje, passados 10 anos, a Gisele, com 15, optou por morar comigo. Nós, pais, temos que estar presentes na educação e no crescimento de nossos filhos no dia a dia, independentemente de morarmos juntos ou não. "Homens que protegem os filhos das tempestades da vida, que não empurram os filhos para o naufrágio da ausência, do medo e da insegurança" - lindo isso! Abs, Kyria!
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