terça-feira, 28 de abril de 2009

CUIDADO COM O QUE DIZ NA FRENTE DAS CRIANÇAS

"Eu já tinha um pouco dessa noção antes de ser mãe. Agora é prá valer. Crianças pequenas são as esponjinhas que absorvem toda a informação a que são expostas. Principalmente aqueles nacos de conhecimento cotidiano. Alguns úteis, claro. Outros, são nossos defeitos dispensáveis. Além de esponjas, as pequenas criaturas parecem refletir o ambiente à sua volta. Seja no jeito de falar ou agir. Se a gente prestar atenção é capaz de se enxergar nos filhos, a despeito de qualquer semelhança física.
Eu não tenho o hábito de falar palavrão porque nunca ouvi meus pais falarem. Claro que eles discutiam com outras pessoas, tinham seus problemas, se irritavam com coisas que aconteciam aqui e ali. Mas sei lá por que, os dois tinham esse bom costume. Eu acabei achando isso natural e também não sentia a necessidade de usá-los. Até hoje esse tipo de coisa não soa bem pra mim. Não são palavras que se acomodam bem em minha boca. Não acho confortável encaixá-las em algumas frases, mesmo que sejam positivas! Aliás, palavrão acabou virando exclamação de coisa boa. Engraçado. Normal até.
Esse nosso jeito de falar no dia-a-dia, acaba influenciando nosso jeito de escrever. Por isso, alguns professores insistem na idéia de que precisamos manter a correção na forma escrita, senão vira tudo uma coisa só e errada. Lembro-me de uma vez em que presenciei uma gafe dessas. O chefe de um escritório pediu pro seu assistente mandar um e-mail de ano-novo aos clientes. Estava com pressa e apenas disse para ele escrever uma mensagem descontraída e curta mesmo, só para constar. Quando recebeu cópia do que tinha sido enviado, quase caiu da cadeira. "Pessoal, esperamos que o ano-novo seja do c...!" Pra ele soava espontâneo e verdadeiro. Assim não, né?
Então, de volta aos pequenos, eles vão se acostumando a determinado repertório de atos e palavras. A escola ou amigos da rua também uniformizaram um jeito de falar, competindo com o que se ouve em casa. Algumas vezes pro bem e outras pro mal. Só dá prá nos desejar mutuamente uma boa sorte!
O que mais me fez escrever sobre esse assunto foi a observação que me foi feita pelo meu marido. Outro dia, brincando sozinha em seu quarto, minha filha disse várias vezes: quer apanhar? Como se a boneca amarela estivesse brigando com o urso azul... Daí ele me disse que ela estava me imitando. Realmente, eu disse essa frase algumas vezes, embora não intencionasse bater nela. Tem dia que a menina está mais espoleta e teima em fazer umas coisas erradas. O meu aviso equivocado ficou na cabeça dela. Isso não é frase que uma criança de menos de 3 anos tenha como exemplo de diálogo, nem que seja numa brincadeira. Hoje me controlo prá não repetir essse tipo de coisa. Foi precido alguém me apontar esse dedo pra que eu me desse conta do meu discurso em relação à minha filha.
Lógico que uma criança vai continuar a gritar e espernear se o pai ou a mãe ficarem berrando ao seu lado: "Pára de gritar! Pára de espernear! Isso me irrita!" E irrita todo mundo que estiver por perto também. É como se todos bufassem ao mesmo tempo, numa situação de emergência: "CALMA! Fiquem calmos porque eu não estou!"
Outro dia ví alguém dizer que as crianças não se sentem incentivadas a ler em casa porque nunca viram os pais pegarem num livro também. Isso faz muito sentido. E os pequenos captam tudo. Falta a nossa percepção.
A gente precisa ser um espelho mais iluminado".


Este texto me foi repassado pela escola do meu caçula.

Fonte: Estado de Minas em 26/05/2006 - Fernanda Takai
www.em.com.br/

Um comentário:

  1. sabe que hoje, voltando da escolinha com o neto, levei uma fechada e soltei um "filho da puta!". ele, o neto de 2 anos, me perguntou: filo da puta, vovozinha? e eu, mais que depressa, respondi: não, meu amor, é o livro da fruta, aquele que tem laranja, mamão...
    sei lá se colou...rsrs
    criança tem um ouvido!!

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