segunda-feira, 30 de março de 2009

POST EXTENSO PARA UM ASSUNTO IMPORTANTE


Vamos lá gente, não desistam de ler

AMOR SEMPRE FAZ BEM

É tão fácil reconhecer, num filho biológico, o formato dos olhos e o partido no queixo do pai. É tão fácil dizer que o filho é a cara do pai, que tem a boca e a indignação da mãe, que puxou o avô na paixão pelo futebol.
Parece com o pai ou com a mãe? Quando toca violão, as pessoas dizem que é com o pai. Quando escreve textos poéticos, dizem que é com a mãe. Quando dribla a vida com passos de artista, lembram sempre do avô. Quando vai para a cozinha fazer brigadeiros e sonhos, dizem que é com a avó.
É muito fácil amar um filho que nasceu da sua barriga, resultado de uma noite de amor. É muito fácil amar um filho que nasceu da união perfeita (ou imperfeita) de um casal. É tão fácil reconhecer no filho, o queixo telúrico do pai, os cabelos embolados da mãe, a carga genética X+Y. É tão bom olhar para a neta e reconhecer o sorriso honesto do pai, a beleza universal da mãe, os encantos da família do lado de cá ou do lado de lá.
É tão bom saber que o filho guarda, além da herança biológica, as melhores histórias da família. Ou, quem sabe, as piores. O difícil deve ser amar incondicionalmente um filho adotivo, que nasceu da livre escolha,de uma longa espera que incluiu muita conversa, medo, mas, acima de tudo a vontade verdadeira e mágica de ser mãe ou pai. O difícil deve ser amar um filho que não é o resultado de uma
lógica genética, mas de uma vocação.
Quantos filhos biológicos que deixam de ser adotados afetivamente por seus próprios pais ou são esquecidos depois de uma separação conjugal? Quantos filhos biológicos têm que amargar o abandono, simplesmente por falta de vocação do pai ou da mãe para exercer a paternidade e a maternidade? Ser mãe, mais do que um resultado biológico, é um aprendizado contínuo de afetividade, de humildade, de paciência, de dedicação e, principalmente, de amor.
Quem não sabe amar, com certeza não pode ser mãe. nem pai. Paternidade também é um exercício de liberdade, de respeito, de completude. Ser pai é mais do que dar 23 cromossomos para formar um outro ser. É mais do que desembolsar pensão alimentícia ou ver o filho nos fins de semana. Ver os filhos uma vez na vida outra na morte para aplacar a consciência. Paternidade é uma prática diária de dedicação, de abrir mão de si mesmo, é adotar afetivamente uma criança, que vai crescendo, devagar, sob o olhar e a proteção de um pai, nos bons e maus momentos da vida.
Aos pais adotivos, digo que são seres especiais , moldados com o caráter elevado dos que vieram para mudar a história. A ele, a minha reverência de mãe biológica e a certeza de que filhos são gerados no coração e não na barriga.
Aos pais adotivos, eu preciso confessar que o sucesso de um filho não está numa equação matemática e nem na semelhança biológica com o pai ou a mãe. O sucesso - ou fracasso - de um filho não está em nenhuma fôrma nem receita. Nem no vasto mundo da internet. Não existe código genético, chip de computador, modo de fazer, ingredientes perfeitos para formar um ser humano de bem consigo mesmo e com a vida.
Os valores de um filho são construídos no coração de seus pais, e não na ditadura da educação, na imposição de limites que nem eles souberam dar a sí mesmos. A culpa pelo fracasso de um filho não saiu da barriga da mãe nem do sangue do pai, mas da falta de vontade de mudar o mundo, da comodidade. Um filho biológico fruto do ódio, semeará ódio, mas um filho adotivo fruto do amor será, com certeza, um vencedor.
As pessoas cobram dos pais adotivos:"Ah, ele é diferente da mãe!Ah, ele até parece com o pai!". Mas as aparências enganam, porque não há molde nem fita métrica para medir a bondade de cada um. Filhos biológicos podem ser diferentes dos pais e, por isso mesmo, não podem deixar de ser amados. Filhos adotivos podem ser parecidos com os pais, física e moralmente. Adotivos ou biológicos, dão trabalho mesmo, exigem esforço, coragem, afeto, verdade, desprendimento. Filhos, biológicos ou não, são seres em construção, que precisam de material nobre para permanecer de pé sólidos, para que consigam enfrentar as tempestades de um mundo tão desigual.


Fonte: Estado de Minas 24/07/2005 - Déa Januzzi

10 comentários:

  1. Do coração, que é de onde todas as coisas devem vir.
    ;)

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  2. Nossa, depois do que a Ozenilda falou, não tenho nem mais comentário. Concordo plenamente!!
    Beijos mil,
    Isa

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  3. e pensar que tem gente que "devolve" crianças adotadas depois de algum tempo, como se elas fossem produtos que vieram com defeito...
    isso soa pra mim tão absurdo como querer botar pra dentro do útero de novo o filho que não saiu exatamente do jeito que a gente esperava...

    bj

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  4. Menina, que post inspirado e verdadeiro!
    Mas posso garantir que não é difícil amar um filho adotivo, porque esses filhos são escolhidos pelo coração.
    E grande verdade ( vivenciada por mim) essa de ser filho biológico, mas que nunca foi adotado de verdade pelos pais. E o que era ruim, ficou pior ainda com a separação deles. Paciência, espero não cair nas mãos deles, na próxima encarnação...rsss.
    Por isso que minha família é o que fica dentro da minha casa, depois que eu fecho a porta.
    Quando eu era pequena, eu tinha uma amiga adotada. Por algum tempo, eu me sentia "superior" a ela ( olha que ridículo) por ser filha "de verdade" e ela não. Grande engano, amiga. A minha realidade familiar eracompletamente o oposto dela, que era querida pelos pais, visivelmente amada e bem cuidada por eles - bem diferente de mim. Embora eu reconheça que meus pais deram de si o melhor. Só que o melhor deles nem se comparava com o melhor dos pais adotivos dessa minha amiga.
    Tudo isso eu contei, recentemente a ela.
    Bobagens que o preconceito planta e a vida mostra que é o oposto.
    E veja a ironia: hoje sou mãe adotiva e muito feliz...rssss.
    Beijocas e mais uma vez, parabéns pelo post lindo!

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  5. Só um detalhe: sobre o que a Fátima falou acima, hoje o processo de seleção de pais adotivos é bem rigoroso justamente para evitar esses casos escabrosos que aconteceram no passado, de pais que "devolviam" filhos, como se fossem mercadorias.
    Hoje em dia, há entrevistas com psicólogos e muitas palestras, para deixar bem claro para os pais que, uma vez efetivada a adoção, não tem mais volta, é irreversível. Portanto, isso não ocorre mais.
    Bjs!

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  6. Kyria, lindo e importante seu texo, me fez pensar em extremos que existem na minha historia de vida , tenho um irmão que não pode ter filhos e adotou um, tem tres anos , uma criança que se não tivesse sido adotada talvez tivesse poucas chances de sobreviver , pq tinha problemas de saude , que hoje estão controlados, e são felizes, muito.
    Já meu ex marido depois da nossa separação abandonou as filhas , muito de vez em quando se encontarm por acaso, já que moramos umas duas quadras dele e ele mora ao lado de minha mãe. Agora já faz mais de um ano que não se veem, não liga , não sabe da vida das filhas se estão bem ou não.
    Isso me deixa muito triste, e seu post me fez lembrar disso, pq me sinto culpada por elas não terem o pai na vida delas, apesar de fazer minha parte dcomo mae e muito bem, dou mto carinho e tudo mais que precisa, mas as vezes eu penso que se não tivesse me separado elas teriam o pai, sei lá.
    Mas acho que elas são felizes , pq tem a mim e ao meu atual marido que faz o papel de pai adotivo com muita eficiencia.
    Vamos vivendo! bjs Leila

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  7. Lindo o seu post.
    Filhos do coração!
    Beijo:)

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  8. Filhos devem ser principalmente gerados no coração, caso contrário não serão felizes!

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  9. Ola amiga
    Vim te conhecer através do blog da amiga Talma que tanto me inspira. Admiro de verdade todas as pessoas que são pais verdadeiramente de filhos desejados, porque como você mesma disse neste belo texto, depois de uma noite de amor tudo pode acontecer.
    E nem sempre estamos preparados. Isso aconteceu comigo. Fui mãe ainda garota e embora eu os ame de paixão, não posso dizer que estava preparada para ser mãe.

    Escrevi certa vez um conto que encaminhei para eles de presente. Vai ai um Um pedacinho ta:
    ........“Em vez de me chatear com os nove meses de gravidez, iria gozar cada momento e atentar para a maravilha de um ser crescendo dentro de mim; - minha única chance na vida de assistir a Deus fazendo um milagre. E quando meus filhos viessem me beijar intempestivamente, nunca mais diria: “Depois! “Agora vai lavar as mãos para o jantar”.
    Deveria ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir suas almas respirando, conversar, ler para eles ou confidenciar-lhes algo sobre a vida.
    Não, não os levei suficientes vezes ao cinema, não lhes dei hambúrgueres e refrigerantes o bastante, nas lhes comprei os sorvetes e roupas e a atenção merecida.
    Eles cresceram sem que se esgotasse em mim todo o meu afeto. Procuraria dar a conhecer Deus mais intimamente.

    Não somos pessoas completas se insistirmos unicamente no nosso lado físico, social, financeiro e intelectual - Nós somos seres espirituais!
    Se o mundo é conhecer Deus e sua vontade, então qualquer pai ou mãe deveria ser o primeiro a transmitir isso. Não tenho a mínima idéia de onde estava enquanto minha vida ia passando. Lembro-me que minha filha caçula (Ana Maria) costumava ter medo de chuva, numa noite, cheia de medo dos trovões, chamou: “Vem aqui mamãe estou morrendo de medo” Minha filha respondi; - Deus vai cuidar de você e te ama muito, ou disse algo parecido, mas a resposta eu gravei: “Eu sei que Deus me ama” respondeu de pronto; “mas o que eu quero agora é alguém de carne e osso”.
    Fiquei refletindo por muito tempo àquelas palavras, na mensagem contida. E a prova disso é que nunca mais me esqueci.
    Hoje se eu pudesse começar tudo de novo, era isso que eu queria ser acima de tudo: O amor de Deus, mas em carne e osso. Haveria mais eu te amos, mais sinto muitos... Mas especialmente se tivesse outra oportunidade de viver, eu iria agarrar a cada minuto, observá-los atentamente e percebê-los de verdade... Vivê-los e jamais deixá-los ir assim, sem mais.
    Beijo grande e parabéns pela sua linda história e lição de vida!

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  10. Oi amiga,

    Perfeito o texto, muito bom mesmo, não tinha lido ainda, vou colocar lá no blog tb, tá? Ele entrará na fila rssss, tem mais uns dois ou 3posts antes dele hehhehe.
    Amiga não fique chateada pelo que escrevi não tá. Aqui só temos letras, não sabemos a entonação que são dadas as palavras escritas. Em momento algum quis ser grosseira com vc, longe de mim fazer uma coisa dessas. Sei que vc não pensa assim e talvez vc não tenha conseguido explicar-se e eu entender. Mas vamos pensar pelo lado positivo rssss, se alguém pensa dessa maneira já ficou sabendo o meu ponto de vista e o objetivo do blog rsss. Adoro vc e seus comentários.
    Beijinhos no seu coração

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Obrigada por deixar o seu jeito.