BOMBAIM É AQUI
Além da grande diversão que me proporcionam as histórias de Glória Perez, os cenários deslumbrantes e a cultura indiana, toda vez que assisto "Caminho das Índias" penso nos políticos brasileiros. Eu sempre penso neles.
Ah, como eles adorariam que aqui houvesse um sistema de castas com 50 milhões de dálits, de intocáveis – os excluídos dos excluídos. Para lutar por seus direitos e ganhar seus votos. Quantas ONGs, com dinheiro público, os dálits teriam no Brasil?
A bolsa-dálit seria imediatamente instituída, seriam criadas cotas para dálits em universidades, serviços públicos e até em empresas privadas. Para os dálits indianos, o Brasil seria o paraíso. E não haveria novela de Glória Perez.
Uma parte dos nossos políticos seria da casta dos xátrias, que nasceram dos braços de Brahma, como os militares e os governantes; outra dos vaixás, que saíram das pernas do criador, como os comerciantes e agricultores; ou dos sudras, que saíram dos pés do deus como operários e camponeses; raros seriam brâmanes, que saíram da boca da divindade, como sacerdotes, filósofos e professores. Os companheiros dálits seriam apenas a poeira sob os pés de Lula, êpa!, de Brahma. Não da cerveja, do deus. Aqui, dálits unidos jamais seriam vencidos.
A organização familiar indiana, com filhos e netos morando com o patriarca, que tem autoridade absoluta, deve dar água na boca de nossos políticos. Principalmente porque o nepotismo na Índia é a regra, família trabalha com a família: caixa único.
Outro objeto de desejo deve ser a tradição de casamentos arranjados e negociados pelas famílias, em bens e em dinheiro vivo, que não chega a ser novidade na política brasileira, mas poderia ser usada de forma mais prática, em alianças eleitorais legais, à prova de TRE. Casamento por amor é coisa de novela.
Mas os políticos que assistem "Caminho das Índias" devem tomar cuidado. Alguns podem se impressionar com as crenças hinduístas na reencarnação, no carma de cada um, e serem acometidos por pesadelos em que acordam como um chacal, uma hiena ou uma ratazana, zanzando pelo plenário, de paletó e gravata. Hare baba!
fonte: sintoniafina.uol.com.br/
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