sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ENTREVISTAS - Sintonia Fina/Nelson Motta


Salvador, 1973. Os dois principes da MPB na flor da idade, Caetano, 30, e Chico, 29, na praia do Porto da Barra, quando gravaram o histórico " Chico e Caetano - Juntos e ao vivo ". Tempo quente. Ditadura dura e violenta. De olho nos dois perigosos poetas. Caetano, recem-chegado do exilio em Londres, onde sofreu muito com o frio e as saudades; Chico tambem de volta ao Brasil, depois de longa e sofrida temporada em Roma, logo sofreu a proibição pela censura de seu musical com Ruy Guerra, " Calabar ", na véspera da estréia, quase levando à falencia seus produtores Fernanda Montenegro e Fernando Torres. Várias músicas da peça foram censuradas, outras tiveram palavras, frases, versos proibidos; algumas escaparam, como "Bárbara" e " Ana de Amsterdam ", que os dois cantaram juntos no palco do Castro Alves. Músicas de mulheres. Um dueto de amor. Interpretado com paixão e raiva pelos dois e encerrando com arte uma falsa polemica criada por fãs exaltados de ambos: Chico ou Caetano ? Clássico ou moderno ? Esquerdista ou anarquista ? Nacionalista ou internacional ? A resposta foi " Juntos e ao vivo ", que deixava claras as diferenças de estilo mas revelava muitas identidades e mutua admiração e respeito. Na verdade nunca houve nada entre eles alem de uma elegante e amistosa disputa estética, de estilos e conceitos, um luxo. Caetano sempre foi fascinado por Chico, em nenhum momento o Tropicalismo negava Chico, ou João Gilberto, ou Noel Rosa. Alguns, com a mentalidade conspiratória própria da época, acreditam que tudo foi uma habilissima jogada de marketing da Philips - gravadora de ambos - que ampliara as diferenças artisticas, estimulara a falsa polemica e depois promovera a paz gravando um disco ao vivo com as duas estrelas.

Um comentário:

Obrigada por deixar o seu jeito.