segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A CASA DE MINHA MÃE - Léa Goldberg



Morreu a mãe de minha mãe
Em seus anos juvenis. A filha
não lembra o seu rosto. O retrato gravado
na alma do meu avô apagou-se
do reino das imagens
depois que ele morreu

Só o seu espelho se guarda em casa
enrugado de velho em uma moldura de prata.
E eu, sua insignificante neta, que não me pareço com ela,
hoje olho essse espelho, como
um lago que esconde tesouros
debaixo dágua.

Dentro, bem no fundo, atrás do meu rosto,
vejo uma mulher jovem
de faces rosadas. Sorri.
Usa uma peruca.
Ajusta.
Um grande aro de ouro no lóbulo da orelha. Ela o enfia
no pequeno orifício da carne tenra
da orelha.

Dentro, bem no fundo, atrás do meu rosto, brilha
o ouro brilhante dos seus olhos.
E o espelho preserva a tradição
da família
que ela foi muito bonita.


fonte: Newsletter Jayme Copstein

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