quarta-feira, 20 de agosto de 2008
MINHA SOMBRA Jorge de Lima
De manhã a minha sombra com meu papagaio e o meu macaco começam a me arremedar.
E quando eu saio a minha sombra vai comigo fazendo o que eu faço seguindo os meus passos.
Depois é meio dia.
E a minha sombra fica do tamaninho
de quando eu era menino.
Depois é tardinha.
E minha sombra tão comprida
brinca de pernas de pau.
Minha sombra, eu só queria
ter o humor que você tem,
ter a sua meninice,
ser igualzinho a você.
E de noite quando escrevo,
fazer como você faz,
como eu fazia em criança:
Minha sombra
Você põe a sua mão
por baixo da minha mão,
vai cobrindo o rascunho dos meus poemas
sem saber ler e escrever.
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